Vou fazer intercâmbio! E agora?

Calma, não se desespere! Eu sei que a ansiedade é enlouquecedora, mas respira fundo porque a sua vida vai mudar completamente. Primeira coisa que você tem que colocar na mente é que nem todo intercâmbio é igual. Eu sempre sonhei com aquela vida americana do filme “Garotas Malvadas” e “High School Musical”, mas a sua experiência vai ser diferente, porque os filmes exageram e muito. Claro que na sua escola irá ter grupinhos e panelinhas, como em toda escola tem, mas não crie muitas expectativas em relação à isso. Eu criei muita e quando cheguei me decepcionei um pouco. Sempre sonhei em encontrar uma “Regina George” causando no corredor, ou namorar um “Troy” da vida, mas isso só acontece em filmes. Mas a escola é bem parecida como nos filmes, tem futebol americano, tem cheerleaders, e claro, tem o ÔNIBUS AMARELO!
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No começo eu morria de vergonha de falar com as pessoas, e eu sempre tentava não falar para não passar vergonha, mas como todo mundo diz, NÃO TENHA VERGONHA! Respira fundo e se solta, porque você está ali para aprender e o quanto mais você tentar e errar, mas rápido você vai aprender e mais rápido fará amizades. No começo fiz amizades com intercambistas que também não entendiam nada, até porque você não é a única que está ali fazendo o intercâmbio. Claro, muitos conseguiam entender o básico, mas não se sinta frustada. Eu tenho quase certeza absoluta que onde você irá estudar terá brasileiros, pois nós estamos em todo lugar. Isso é bom e ruim ao mesmo tempo, porque você não sairá muito da sua zona de conforto, mas tente falar inglês ao máximo e se desligue do português.

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Esses eram a grande parte dos intercambistas que ficaram 12 meses estudando em Palm Bay comigo. Muitos já tinham ido embora (quase todos os brasileiros).

O meu caso foi assim. Eu fui parar em uma cidade pequena da Flórida perto da praia, não sei se pequena, mas comparando à São Paulo, aonde eu moro, ela era pequena. Tudo lá era longe e você sempre tinha que pedir uma carona para ir para qualquer lugar, então eu dependia muito dos outros. Para mim, foi uma grande mudança, porque em SP você está perto de tudo e todos, você tem essa liberdade de ir para os lugares por qualquer meio de transporte, elá eu não tinha. Isso foi ótimo para mim, pois fazia parte dessa grande experiência que eu estava tendo.
img_5749Essa era a entrada da praia na cidade de Melbourne, e Palm Bay era 15 minutos de lá. A praia era uma delícia, e na Flórida quase sempre estava bem quente, então deu para aproveitar bastante.

A escola não era nada difícil, você provavelmente vai ser aulas de história dos EUA, matemática (em muitos casos você já vai saber a matéria), esportes, inglês, e acho que o resto você escolhe. Eu tinha aula tipo CSI (aquela série de achar pistas e desvendar casos de morte), Global Issues (o que estava acontecendo pelo mundo afora), TV Production (para mim a mais legal, você criava programas, apresentava o jornal do dia, etc), uma dica: pergunte sobre cada uma, e escolha coisas legais, pois irá ter todo dia a mesma coisa. Outra coisa, lá quem muda de sala é você e não os professores. Então você vai pra uma sala e depois do sinal vai pra outra, e por aí vai.
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Essa era a minha High School nos EUA. Lá no fundo da pra ver os ônibus amarelo.

No começo você não vai entender nadinha de nada nas aulas, mas depois seu ouvido vai acostumando e de um dia para outro você vai conseguindo entender o que eles estão falando, e essa transição é muito engraçada, porque nem você acredita. Assim que você chegar na escola, já tenta falar com o diretor da escola, ou o responsável pelos intercambistas para você entrar para algum esporte, porque toda escola americana oferece, e adivinha: você não tem que pagar NADA. Só as vezes para o uniforme, e alguns jogos. Isso te ajudará a fazer novas amizades, melhorar o teu inglês e até perder os quilinhos que você irá adquirir lá! Sim, é inevitável não engordar, nem que seja um pouquinho, mas não se assuste porque não é nada absurdo. Lá tudo é barato, então como eu sou apaixonada por comida, eu ia no Walmart e gastava tudo em comida. Comprava só porcaria. Era Oreo, Doritos, Nutella, e tudo tinha que ser tamanho família, porque se é pra engordar, vamos engordar direito.
img_5738O time de Tênis que eu participava (a gente ta tão fofas na foto que nem parece a gente). Nunca ri tanto na minha vida quanto eu ri com esse time, até bate uma saudades enormes de todo mundo. Todo lugar que a gente ia, nós causávamos. Tadinha da coach Lemley, queria quase matar a gente (ela que treinava o nosso time).. Ela ria demais com as nossas gracinhas, uma pior que a outra.

Depois de um tempo tudo vai se ajeitando, e você vai se sentindo cada vez mais confiante e feliz de ter feito essa escolha, então não tenha medo! Se joga, porque vai ser a melhor experiência da sua vida.

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O dia em que deixei tudo para trás

Gostaria de dedicar esse post para todos aqueles que criaram coragem, e foram. Meu nome é Ariane, mas pode me chamar de Ari. Tenho 19 anos, e sim, já estou ficando velha. Decidi criar esse blog e compartilhar com vocês decisões que tomei e mudaram a minha vida completamente.
Tudo começou em 2014 quando decidi fazer intercâmbio. Eu tinha 16 anos quando escolhi meu destino, a Austrália, mas meu pai preferiu que eu fosse para os Estados Unidos, e ele estava certo. Conheci meu namorado lá. Assina papel aqui, assina papel lá, e finalmente me vi arrumando as malas. A ansiedade já era tanta, que eu nem pensava mais. Dias antes ficava no banho planejando conversas, e o que eu iria falar para a minha família americana, e como me enturmaria com as pessoas, já que eu não sabia falar NADA. Mudar assim, do nada, de um país para outro, não é fácil, principalmente quando você está sozinha, e sua família e seus amigos não estão por perto. Você sai da sua zona de conforto. Mas eu queria. Queria essa sensação de frio na barriga, de medo, e de ansiedade. Queria mudar, queria crescer, e foi aí que fui parar em Palm Bay, na Florida.

Cheguei, e o medo me acompanhava a cada passo que dava. Primeira coisa que fiz foi ligar para o meu pai, e foi aí que minha ficha caiu. Já não estava mais no Brasil, estava no aeroporto de Orlando, procurando pela minha host family, a família que iria cuidar de mim os 10 meses que ficaria estudando nos EUA. Desabei, chorei e tremia de medo. É normal se sentir nervosa e com medo, você vai conhecer estranhos que se tornaram sua segunda família, e não vai conseguir se comunicar nos primeiros meses. Acontece com a maioria, você não será o único. Foi aí que avistei uma mulher de branco, com estatura baixa, e que procurava por alguém, e parecia não saber como essa pessoa seria. Percebi na hora que aquela mulher era a minha nova host mom (nome que se dá à mãe americana). Corri pra abraça-la, mas com receio pois não sabia como era para reagir. Senti uma das sensações mais estranhas de toda minha vida, não sabia o que fazer, se corria ou se me escondia. Mas ela parecia ser uma pessoa bem legal.
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Essa era minha host sister Diedre e minha host mom Carol lá no fundo.

Foi aí que tudo começou. Uma nova faze da minha vida se iniciou nesse momento. Eu já me sentia melhor, não diria em casa, e muito menos confortável, mas estava em boas mãos. Estava com pessoas que mudariam a minha vida para sempre.
Essa é minha host Family: Carol, Wayne, Diedre e eu.
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